"Não há despertar, sem dor. As pessoas farão de tudo,
chegando aos limites do absurdo, para evitar enfrentar a própria alma. Ninguém
se torna iluminado, por imaginar figuras de luz, mas sim por tornar consciente,
a escuridão". (Carl Jung)
No fundo das suas mensagens, tanto Jesus Cristo, Buda, quanto
Sigmund Freud, Carl Gustav Jung ou Albert Einstein, entre outros, quiseram
dizer a mesma coisa, ou seja, que ninguém se torna consciente, iluminado, sem
ter passado, pelo caminho da escuridão e da dor.
Pode parecer masoquismo, mas somente superamos as nossas crises
pessoais, se dominamos o medo de enfrentar o desconhecimento de si mesmo, que é
o sentimento de insegurança representado, pelo receio de visualizar com um
melhor nível de lucidez, as origens do nosso sofrimento.
Quando enfrentamos as desagradáveis surpresas ou os desafios que
a vida costuma oferecer, adquirimos uma firmeza interior que torna a nossa alma
"calejada" para o enfrentar de novas experiências. Chamamos a isso,
capacidade de superar a dor, pelo processo de autodescoberta.
A experiência da dor, quando assimilada pelo processo de
aprendizado natural ou de elaboração consciente através da psicoterapia de
âmbito interdimensional, torna-nos pessoas mais humildes, menos orgulhosas e
egoístas, propiciando, desta forma, uma abertura para o despertar de valores
espirituais.
Nesta direcção, o Ego não precisa - e nem deve - ser anulado por
valores que transcendem a realidade material, mas aceite como uma instância da
personalidade, que mantém o indivíduo ligado às necessidades de sobrevivência e
de crescimento pessoal, exigido pela dimensão terrena.
No entanto, uma vez controlado os excessos do Ego, que tanto
sofrimento têm causado ao homem em forma de desequilíbrio bio-psíquico-espiritual,
o indivíduo passa a perceber, uma outra realidade dimensional associada à sua
legítima e intransferível identidade: a
espiritual.
Portanto, ter medo do desconhecido é ter medo daquilo que não
conhecemos em nós mesmos e no outro, pois a natureza humana é a mesma em
qualquer lugar, do planeta Terra.
Como desconhecemos a natureza humana, adquirimos medos que se
estruturam psiquicamente durante as muitas vidas do espírito imortal. Medos que
resultam em patologias do corpo e da alma, em perfeita sintonia com
experiências do passado.
Vínculos com o pretérito, que devido à nossa falta de
discernimento, provoca-nos níveis de sofrimento vida após vida, até percebermos
que a experiência da dor, tem um profundo significado para o despertar de
consciência.
Despertar de consciência que não ocorre, sem antes passarmos
pelo processo de aprendizado no palco da vida, onde o ego costuma exibir-se
como ator, que não encontra concorrência no cenário da reencarnações...
Palco ou cenário onde deixar a vida passar sem o envolvimento
relacionado a possíveis descobertas, torna-se mais cômodo do que partir para o
enfrentamento de medos, cujas verdades podem assustar, pelo fato de pertencerem
ao âmbito do desconhecido.
O despertar de consciência, portanto, nos tira do marasmo das
acomodações que construímos com o passar das vivências no corpo físico.
Situação que desencadeia uma série de inéditas experiências ligadas à nossa
natureza de permanente vínculo interdimensional.
Apesar de sermos seres dotados de excepcional capacidade de
evolução, aprendemos a não ter medo do escuro das nossas limitações, quando
acordamos para a claridade de consciências reveladas à imagem do Tudo o que É.
Há muitos anos tentamos compreender a mensagem de Mahatma Gandhi
vinculada à anti-violência, ou a mensagem de Albert Einstein à necessidade de
expandirmos a consciência. Na verdade, torna-se difícil a compreensão de que
estas mensagens estejam simbióticamente envolvidas com as obras de Jesus
Cristo, Buda, ou com os estudos de Sigmund Freud ou de Carl Gustav Jung.
Entretanto, a síntese destas mensagens revela um mesmo sentido,
para a existência humana: a cura do sofrimento através do despertar de
consciência para as verdades, que se encontram internalizadas em cada indivíduo
dotado de inteligência e livre-arbítrio.
Flávio Bastos
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Tentarei ser breve na resposta.
Obrigado!