O objetivo é ensinar às futuras mães técnicas de respiração e relaxamento profundo que levariam a um parto sem stress e com pouca ou nenhuma dor.
Hipnose no parto
O sistema público de saúde britânico, o NHS, está estudando oferecer
cursos de auto-hipnose a mulheres grávidas como uma forma de aumentar o
número de partos naturais (sem uso de anestesia) e reduzir custos.
O método, conhecido de forma geral como hipnonascimento ou hipnoparto, tem crescido em popularidade na Grã-Bretanha nos últimos anos.
A avaliação promete ensinar às futuras mães técnicas de respiração e
relaxamento profundo que levariam a um parto sem estresse e com pouca ou
nenhuma dor.
Parto perfeito
A moradora de Londres Simone O'Neill, de 37 anos, descreve o parto de
seu filho, em outubro de 2010, como "o mais perfeito que alguém poderia
ter".
Segundo ela, Ludo nasceu com 4,4 kg, em um parto completamente natural e sem os gritos normalmente associados à ocasião.
O'Neill frequentou um curso completo de 12 horas de hipnoparto e
disse à BBC Brasil que o uso de hipnose fez toda a diferença para ela,
mesmo já tendo passado pela experiência de dar à luz sem nenhuma
anestesia com sua filha mais velha.
"Desta vez, foi muito mais rápido e eu me senti totalmente segura.
Enquanto com a minha filha eu passei mais de duas horas empurrando, meu
filho levou apenas alguns minutos para sair", conta ela.
"Você aprende a relaxar, a trabalhar com o seu corpo. Eu tive meu bebê em casa e as parteiras só olharam, não tiveram de fazer nada."
Hipnoparto
A pesquisa
sobre a eficácia da hipnose durante o parto está sendo realizada por
cinco universidades britânicas e vai ter uma duração total de dois anos.
Mais de 800 mães de primeira viagem vão participar
de duas sessões de 90 minutos de duração perto da 32ª semana de
gravidez, nas quais parteiras especialmente treinadas ensinarão as
técnicas de auto-hipnose, em um estudo patrocinado pelo Instituto
Nacional de Pesquisa em Saúde (NIHR) e conduzido pelo East Lancashire
Hospital Trust.
Elas serão então acompanhadas durante o parto e comparadas a mulheres
que não receberam as aulas para saber se a hipnose fez com que menos
delas optassem pela peridural, uma injeção de anestésico aplicada na
coluna com uma agulha.
As mulheres que fizerem o curso de hipnose também serão acompanhadas
nas duas semanas seguintes ao parto para que se possa estudar os efeitos
do curso de forma mais ampla.
Auto-hipnose
"Há provas de que a auto-hipnose funciona bem em outras áreas da
saúde. O NHS já usa o método em pacientes com dor crônica, síndrome do
intestino irritável e asma por exemplo", disse Soo Downe, especialista
da Central Lancashire Unicersity, que coordena o projeto.
"A ideia é dar às mulheres a capacidade de conduzir seu próprio
parto, reduzindo a necessidade de intervenções externas, que tornam o
processo mais perigoso para mãe e bebê."
O conceito de se usar hipnose no parto é antigo. No livro do médico Grantly Dick- Read, Parto Sem Medo,
de 1933, o pesquisador britânico concluiu que o medo e a tensão são
responsáveis por 95% das dores do parto, que poderiam ser eliminadas com
técnicas de relaxamento profundo.
"Todos nós crescemos com histórias negativas sobre partos, imagens
aterrorizantes em filmes, relatos assustadores em livros. O hipnoparto
ajuda as mulheres a se livrarem desses medos que fazem parte da nossa
cultura", disse à Katharine Graves, fundadora do Centro de Hipnopartos
de Londres.
"Acho que seria maravilhoso que todas as mulheres pudessem ter acesso
a isso, portanto o estudo do NHS é positivo, mas temo que duas sessões
de 90 minutos não sejam suficientes para que elas tenham uma experiência
completa."
Traumas no parto
Maureen Treadwell, da Birth Trauma Association, que lida com
mulheres traumatizadas pela experiência de dar à luz, defende que o uso
da auto-hipnose não pode substituir a anestesia.
"É importante que os hospitais britânicos tenham o número necessário
de parteiras e médicos e que os recursos estejam disponíveis para que as
mulheres façam suas escolhas", disse ela.
"Pode ser mais barato no curto prazo não oferecer anestesia para uma
mulher em trabalho de parto, mas pagar o tratamento psiquiátrico de uma
mãe traumatizada pela experiência acaba saindo muito mais caro no fim."
Sem comentários:
Enviar um comentário
Tentarei ser breve na resposta.
Obrigado!